Porto Alegre recebe nesta quinta(02) a premiada exposição Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura, mostra que reúne 78 obras produzidas entre os anos de 1940 e 2000  e estudos do artista brasileiro conhecido por peças que combinam luz e movimento e, muitas vezes, utilizam instalações elétricas. A mostra itinerante teve recorde de público durante a temporada de julho e agosto de 2014, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e rendeu à Art Unlimited o Grande Prêmio da Crítica no 59º. Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), realizado em março deste ano.  Segundo os curadores da exposição Pieter Tjabbes e Felipe Scovino,  a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação: “Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas, imagem característica de um pintor.

A exposição fica em cartaz até o dia 04 de outubro, na Fundação Iberê Camargo.IMG_71922-750x500

A arte sempre esteve presente na vida de Pieter Tjabbes. Desde a infância, na convivência com o avô, que era um apreciador da arte antiga, reconheceu sua identificação e interesse com esse universo que, com o passar dos anos, ficou ainda mais latente.

O constante contato com as obras de arte existentes na casa dos pais e as frequentes visitas aos museus, realizadas em família, aguçaram ainda mais essa paixão. Pieter relembra que, aos 15 anos, já gastava a mesada com a compra de catálogos do museu da cidade.

Embora também fosse apreciador da arte, o pai de Pieter não a considerava uma profissão rentável. E foi para agradá-lo que Pieter optou pelo Direito, porém o sonho latente o levou a cursar História da Arte em paralelo. “Adorei e acabei participando das provas, e tirei nota máxima”, relata com entusiasmo.

Pieter conseguiu se dedicar aos dois cursos e chegou a concluir os dois mestrados. “O diploma de Direito foi de presente para meu pai, e o de História da Arte para mim, para poder seguir a carreira que, afinal, eu mais gostava”, conta.

Atuou como Gerente Internacional da Bienal de São Paulo e foi curador de importantes exposições. Ao ser questionado sobre quais artistas foram mais marcantes em sua trajetória, ele conta que foram muitos, e das mais diversas épocas, e que tem um carinho especial pela arte italiana do século XIV, arte holandesa do século XVII e arte moderna da primeira metade do século XX.

A iniciativa de trabalhar com a produção de exposições nasceu enquanto trabalhava ao lado da atual sócia, Tânia Mills, na Bienal de São Paulo. “Produzir a Bienal era uma delícia, mas cuidando de mais de 150 artistas e exposições retrospectivas, ao mesmo tempo, não dava para dar muita atenção aos detalhes”, conta. Foi quando então decidiu trabalhar de forma independente com poucos projetos, e dar toda atenção para detalhes e acabamento. “Cada exposição tem que ser linda, com uma montagem impecável, e com material gráfico de primeiríssima qualidade”, explica.

Em sua trajetória como curador, Pieter conta que foi enriquecedor poder “mergulhar” no mundo de J. Borges, não apenas pelo contato com a arte dele, mas também com outras expressões da cultura popular nordestina. Outra experiência marcante foi trabalhar com as obras de Escher, contando com uma equipe de especialistas entusiasmados, o que resultou num sucesso de público e que ajudou a mudar o cenário de exposições no Brasil.

Pieter destaca, também, o trabalho realizado com a obra inspiradora de , exposição que rendeu à Art Unlimited o Grande Prêmio da Crítica, entregue este ano no 59ª prêmio da Associação Paulista de Críticos da Arte (APCA).

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Pieter destaca, também, o trabalho realizado com a obra inspiradora de Abraham Palatnik, exposição que rendeu à Art Unlimited o Grande Prêmio da Crítica, entregue este ano no 59ª prêmio da Associação Paulista de Críticos da Arte (APCA).

Para Pieter, entretanto, o maior desafio foi a exposição da Índia, e a que mais causou mudanças significativas em sua própria vida.O contato direto com este caldeirão de culturas, cores, sons e cheiros que é este país mexeu com meus conceitos, e me estimulou a fazer uma exposição com uma interpretação muito pessoal. O risco de fracasso foi grande, porque eu não segui as regras de uma curadoria tradicional, mas, felizmente, caiu na graça do público, deixando esta exposição também entre as mais visitadas do mundo”, conta.

Sua paixão pela arte rendeu significativos resultados, sendo motivo de orgulho especialmente para seu pai, ao notar o reconhecimento internacional pelo trabalho exercido pelo filho. “Um dos momentos mais marcantes na nossa empresa foi o dia que meu pai me ligou, avisando que ele estava me vendo na televisão holandesa, numa matéria falando que nossa exposição Escher tinha sido a mais visitada do mundo. Nós nem sabíamos, e ficamos tão surpresos quanto ele!”, conclui.

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No último dia 17 de março, críticos e artistas se reuniram no Teatro Paulo Autran para a entrega do 59º prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Entre as 11 categorias contempladas, Artes Visuais foi a categoria que garantiu o Grande Prêmio da Crítica, atribuído à Exposição Abraham Palatnik – a Reinvenção da Pintura.

Recorde de público durante a temporada de julho e agosto de 2014, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a exposição é mais uma das importantes realizações da Art Unlimited.

“É uma grande honra! A curadoria foi minha junto com Felipe Scovino, mas a grande estrela é o artista, quem há mais de 65 anos cria obras de arte lindas, sempre instigantes e relevantes”, ressalta Pieter Tjabbes, curador da exposição e sócio diretor da Art Unlimited.

Ao descreverem a obra Reinvenção da Pintura, os curadores Felipe Scovino e Pieter Tjabbes contam que a exposição permite não só observar as passagens do mundo moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das primeiras associações entre arte e tecnologia, um diálogo cada vez mais presente a partir da metade do século XX. Para eles, a exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura modernas.

Eles também destacam dois aspectos importantes: a forma como o artista explora o tempo em suas obras e a sua ligação com a indústria. O movimento no espaço ativado por sua obra promove uma suspensão do tempo com o qual nos habituamos na vida moderna. Tudo se torna mais lento, delicado e preciso enquanto somos deslocados para um espaço cujas referências se perdem.

 

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“Não há um centro, pois nossos olhos são constantemente intimados a percorrer os diversos percursos oferecidos. Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, produziu cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras à medida que diminui, desacelera e molda o tempo”, definem os curadores.