Um dos mais respeitados curadores do universo da arte, Pieter Tjabbes, sócio-diretor da Art Unlimited, conta que conheceu Marina Abramović, a “avó da arte da performance”, como ela mesma se considera, em 1984, ocasião em que ocupava o cargo de Gerente Internacional da Bienal de São Paulo. “Lembro que a convidei juntamente com seu parceiro Ulay para participar da 18ª Bienal. Fizeram a performance “Nightsea Crossing”. Fiquei amigo deles e senti muito quando se separaram numa performance na Muralha da China”, relembra.
Nos anos 70, Marina viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia mais aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China, cada um começou de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último abraço um no outro e nunca mais se ver. Foram se reencontrar 23 anos depois, por ocasião da exposição no MoMa, de Nova Iorque, retrospectiva dedicada à obra da artista. Durante a retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que se sentasse à sua frente. Ulay chegou de surpresa e ao colocar-se à frente de Marina, os dois ficaram por alguns segundos se olhando. Foi um emocionante e surpreendente encontro.
Duas frases da artista ficaram gravadas na memória de Pieter: “andamos milhares de quilômetros para nos despedir” e “as pessoas se esforçam tanto para iniciar um relacionamento e tão pouco para acabar com ele”.
“Sempre admirei sua obra, que consiste em ações não materiais e que demanda do público uma atitude interativa”, comenta Pieter.
Marina Abramović é fenômeno de sucesso mundial e está atualmente no Brasil com a Exposição “Terra Comunal – Marina Abramović + MAI” , em cartaz no Sesc Pompeia até o dia 10 de maio. A mostra traz uma retrospectiva da obra da artista e convida o público a vivenciar experiências com performances de longa duração.
Na primeira parte, a mostra “Terra Comunal – Marina Abramović” reúne três instalações: “The House with the Ocean View” (A Casa com Vista para o Mar), “The Artist is Present” (A Artista está Presente) e “512 Hours” (512 Horas). Essa seção conta ainda com uma seleção de vídeos de performances históricas e objetos transitórios da artista.
Na segunda parte da exposição, chamada “Terra Comunal – MAI”, o público é convidado a conhecer o Método Abramović, onde participam das performances. Oito artistas brasileiros selecionados pela artista e outros curadores também realizam performances autorais durante a mostra.
A artista, natural de Belgrado, Iugoslávia, é pioneira no uso da performance como forma de arte visual. Desde o início da sua carreira nos anos 70, quando estudou na Academia de Belas Artes, utiliza-se do corpo como seu tema e meio. Explora os seus limites físicos e mentais. Suportou a dor, a exaustão e o perigo na busca da transformação emocional e espiritual, com performances, som, fotografia, vídeo, escultura. O seu trabalho figura em numerosas coleções públicas e privadas, além de contar com participações nas mais importantes mostras de arte internacionais.
A exposição “Terra Comunal – Marina Abramović + MAI” pode ser visitada de terça a sábado, das 10 às 21 horas, e aos domingos, das 10 às 19 horas.
A entrada é gratuita.